24 de mai. de 2012

BlackBerry se arrisca no mercado ao repetir estratégia da Nokia


A canadense Research in Motion (RIM), fabricante do smartphone BlackBerry, anunciou na 

quarta-feira, em Cartagena das Índias, na Colômbia, dois novos dispositivos móveis para 

a América Latina: o Curve 9320 e o 9220. O momento é crucial para a companhia, que 

precisa se reposicionar dentro de um cenário em que o iOS da Apple e o Android do Google 

tomam grande parte do mercado móvel. Para isso, a divisão BlackBerry repete uma 

estratégia realizada pela Nokia. No entanto, por atirar para todos os lados, o resultado pode 

não ser bem-sucedido.

Os dois smartphones da linha Curve, para a região latino-americana são aparelhos que

iniciam uma restruturação na fabricante do BlackBerry. Eles são pensados para o mercado 

"low-end", com baixo poder aquisitivo, e vêm em pelo menos quatro cores: preto, rosa, azul e 

branco. Além disso, pela primeira vez, a RIMassume um foco em crianças e jovens - um 

alvo que, há que se concordar, passa muito longe da marca "BlackBerry" e da ideia de 

smartphone corporativo e com foco em negócios e, obviamente, voltado ao público adulto.

O fato é que a estratégia de fugir do nicho e expandir os negócios - em uma clara tentativa de atacar em várias frentes - é uma jogada de guerrilha que evidencia a necessidade de se fazer existir em um contexto em que se pode estar sendo esquecido. A estratégia da RIM de expandir a linha BlackBerry não é nada além do que a Nokia já fez, apesar de o vice-presidente de produto da divisão de smartphones da companhia ter afirmado que "a RIM não cria a demanda, ela escuta a demanda e fornece o que lhe é pedido".
Aparelhos coloridos, controle para pais, integração com a loja de aplicativos, botões 

exclusivos: a Nokia já testou tudo isso e provou que, no mercado da tecnologia, é preciso de 

algo a mais do que somente escutar a demanda. É necessário, como a Apple fez tão bem ao 

longo de sua história, criar a demanda, moldar a tecnologia e "empurrá-la" ao usuário. Esta é 

a história de vida do iPod, do iPhone e, mais recentemente, do iPad.

A Nokia, ao querer atirar para todos os lados, criou um monstro difícil de controlar - e que 

reflete na imagem da empresa, no valor de mercado e nos anúncios de receitas trimestrais. A 

diferença é que, no meio desse jogo de tentativas e erros, a Nokia apresentou o bem cotado 

e elogiado Lumia 900, enquanto a RIM, em um mundo dominado pelo Facebook e pelo 

Twitter, parece apostar as fichas no BlackBerry Messenger (BBM), presente nos dois 

aparelhos "low-end" da linha Curve.

As mudanças promovidas pela RIM para a linha BlackBerry mostram, ao menos, que a 

companhia está disposta a lutar e gritar "eu ainda existo", como a Nokia fez ao lançar uma 

larga gama de aparelhos com alguns sistemas operacionais convivendo nada 

harmoniosamente entre si. A RIM segue a cartilha da Nokia, mas se esquece de uma questão 

central para o sucesso no mercado: criar um aparelho que, sim, escute o mercado, mas que 

diga a ele o que ele vai querer em um futuro próximo. O esperado BlackBerry 10, previsto 

para lançamento dentro de um ano, talvez possa exercer este papel. Por enquanto, porém, ele 

está vazio.

Fonte: Tecnologia (Terra)

0 comentários:

Postar um comentário